quinta-feira, 24 de abril de 2008

As portas que Abril abriu....



Grândola, vila morena,
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, oh cidade

Cronologia da participação das duas unidades do Exército da Figueira da Foz ( ex-RAP3 e ex-CICA2)

25 de Abril de 1974

02h00 - No RI14, em Viseu, inicia-se a preparação da companhia que vai seguir para a Figueira da Foz, onde se juntará a outras unidades em acção (RI 10, CICA 2, RAP 3) com vista a constituir o agrupamento «November».

02h30 – Os capitães Dinis de Almeida e Fausto Almeida Pereira executam vitoriosamente o plano de controlo do RAP3, na Figueira da Foz, neutralizando os subalternos milicianos em serviço. Almeida Pereira abre o portão da unidade aos oficiais da Escola Central de Sargentos (ECS) de Águeda.
03h40 - A coluna do RI 10 de Aveiro, comandada pelo capitão Pizarro, chega aos portões do RAP3. O coronel Sílvio Aires de Figueiredo, comandante desta unidade, é detido nessa altura, pelo capitão Dinis de Almeida. Decorrerá ainda algum tempo até que se constitua o Agrupamento Norte. A coluna do RAP3 demora a formar, é preciso municiar as tropas chegadas de Aveiro e aguarda-se que cheguem as forças do CICA2 e do RI 14.
03h55 - A companhia auto transportada do RI14, comandada pelo capitão Silveira Costeira, constituída por 4 viaturas pesadas, 1 ambulância e 1 viatura de exploração civil, sai do quartel passando por Tondela, Santa Comba Dão, Luso, Anadia e Cantanhede, dirigindo-se para a Figueira da Foz.
07h00 - O Agrupamento Norte, envolvendo, nesta altura, forças do RAP3 e CICA2 da Figueira da Foz e do RI 10 de Aveiro, sai a porta de armas do quartel e mete-se à estrada, em direcção a Leiria.

07h30 – Militares do RI14 chegam à Figueira da Foz e integram as forças do Agrupamento Norte, muito antes da sua chegada a Leiria, assumindo o comando o capitão Gertrudes da Silva.

10h30 - O Agrupamento Norte, comandado pelo capitão Gertrudes da Silva, atinge Peniche, com o objectivo de ocupar essa odiosa prisão política do regime. A companhia do CICA2 e duas secções de obuses do RAP3 montam cerco a este objectivo. O grosso da coluna, face à resistência da PIDE/DGS, segue para Lisboa.

21h00 - Forças do RAP3 e da EPI deslocam-se ao Comando da 1ª Região Aérea, em Monsanto, para proceder à detenção dos ministros da Defesa, do Exército e da Marinha, e de outras altas patentes militares que ali se haviam refugiado desde a tarde, conduzindo-os ao RE 1.


Dia 26 de Abril de 1974

13h00 - Inicia-se a libertação dos presos políticos nas cadeias de Caxias e Peniche, com a participação de militares do CICA 2 e do RAP3.

Obs: O CICA 2, Centro de Instrução e Condução Auto Nº 2 é hoje a Universidade Internacional da Figueira da Foz.
O RAP3, Regimento de Artilharia Pesada Nº 3 é hoje a Escola de Formação da GNR.
Esta cronologia, ilustra a importância que tiveram as "nossas" unidades do exército de então , estacionadas na Figueira da Foz. Quem por obrigação delas fez parte, não pode deixar de ficar insensível e recorda, com nostalgia, a data, os camaradas de então e a alegria pelo virar uma página negra da nossa história. Passados 34 anos, uma pergunta anda no ar. Será que Abril abriu de facto todas as portas, ou estas apenas se abriram para alguns?
25 de Abril .... sempre

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Snr. Moleiro: 25 de Abril de 2004????- não será de 1974? desculpe o reparo...

Paulo Bernardes disse...

25 de Abril sempre... não posso concordar mais e resume a essência do significado do 25 de Abril.

25 de Abril é o respeito pela diferença, é o respeito pela liberdade individual. Respeito pela diferença sempre, respeito pela liberdade individual sempre.

Neste sentido o 25 de Abril mereceu a pena e é justo que ele seja lembrado para nos recordar que o constante respeito que nos merece o nosso semelhante.

Agora o que da revolução de Abril foi feito pelas responsáveis políticos, isso já será outra história.

Recentemente estive numa cerimónia da Universidade do Minho. Durante os discursos da praxe, que tendem ser longos, ia olhando de um lado para o outro à espera que o tempo passasse. Parei com o olhar sobre um placa comemorativa de um evento qualquer em 1952. Na placa reparei que o nome da autoridade civil que presidiu à inauguração tinha um nome de familia em tudo semelhante ao de um politico (dum partido de esquerda) da actualidade. Soube mais tarde que de facto os dois tinham uma relação de parentesco.

Ou seja, o sistema politico mudou, mas de certa forma as familias que estavam no poder continua actualmente no poder. São daquelas tais coincidências (que o estimado Moleiro já teve ocasião de referir :-)) que a nós, elementos da plebe, provocam alguma "desconfiança" e "desconforto". Como diriam "nuestro hermanos": "Io no credo em las brujas. Mas que las hai, hai." :-)

25 de Abril... sempre

"O moleiro" disse...

Amigo José Silva:

Agradeço a correcção .Foi de facto em 1974, como é óbvio.

Anónimo disse...

amigo "moleiro" de facto as portas de ABRIL só foram abertas para alguns mas não vamos pensar que por via disso não podemos agradecer aos nossos "homens" de coragem os CAPITÃES DE ABRIL que por iniciativa de entre todos poderam fazer a revolução com grande diferença das outras revoluções que se tem visto por este MUNDO sem violencia e acima de tudo com os CRAVOS nas espingardas e canhões.

VIVA O VINTE CINCO DE ABRIL VIVA A LIDERDADE

"O moleiro" disse...

Ao longo dos anos, foram sendo feitas duas comemorações paralelas do 25 de Abril. As comemorações "populares" e as oficiais. As comemorações populares já eram e agora parece que as "oficiais", solenizadas nas AM, parece terem tendência a desaparecer. Alguém tem que lembrar a esta gente que "não feche as portas que Abril lhes abriu".