quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Esta equipa não pára de nos surpreender :-)

E que tal pôr a Escola a funcionar 24 horas por dia? Podiam fazer turnos. E que tal equipar as Escolas, com quartos com camas, por forma a que os alunos também possam nelas pernoitar? Podiam até permanecer nelas durante o período de férias dos pais, para que as pudessem gozar num merecido sossego. Pessoal para o efeito parece não ser problema, visto o ME poder socorrer-se dos professores aposentados voluntários. E ainda por cima sem lhes pagar. Muito bem pensado. Grande jogada do ME, apoiada nesta dupla famosa Valter e Albininho.
E já agora pergunto eu: Esta medida servirá as reais necessidades dos nossos alunos? Ou os "cérebros" de tão preocupados com os pais se estão a esquecer dos seus filhos?
Educação
Pais querem escolas do 1.º ciclo abertas doze horas por dia e dizem que ME já deu luz verde
Algumas escolas do 1.º ciclo do ensino básico vão estar de portas abertas entre as 7h30 e as 19h, ainda este ano lectivo. A informação foi avançada por Albino Almeida, da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), segundo o qual o Ministério da Educação (ME) já deu luz verde para avançar com este alargamento de horário.Ao PÚBLICO, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, disse apenas que o ME está "disponível para estudar a questão", mas Albino Almeida garante que a proposta anda há um ano a ser negociada e que o ministério "sinalizou a sua disponibilidade para avançar com o modelo".
O objectivo, segundo o responsável da Confap, "não é transformar as escolas em armazéns de crianças". Nem sequer reforçar a carga lectiva, roubando tempo para a brincadeira. "O que queremos é que as escolas funcionem numa lógica de centro educativo, deixando de estar exclusivamente centradas na instrução e com uma componente de apoio às famílias.
"Na prática, o que a Confap propõe é que, entre as 7h30 e as 9h da manhã, as escolas ocupem as crianças com actividades lúdicas. As aulas deverão decorrer entre as 9h e as 15h30, com intervalo para almoço. A partir daquela hora e até às 17h30, decorrem as actividades de enriquecimento curricular, seguindo-se novo período de apoio à família "até às 19h ou 19h30". No período de férias lectivas, as escolas deverão igualmente assegurar actividades para as crianças.
Competirá às escolas definir as actividades a desenvolver, sendo que a proposta terá sempre que ser escrutinada. "Não aceitaremos propostas de mais Inglês ou mais Educação Física. Haverá um júri responsável e as propostas podem incluir canto coral ou folclore, visitas a museus, visionamento de filmes...", especificou o presidente da Confap, para quem se trata, aliás, de assegurar a sobrevivência da escola pública: "Esta coisa de despejar a matéria e depois esperar que, em casa, os pais tenham literacia suficiente e computadores para ajudar os filhos a perceber as matérias tem que acabar, porque o mundo mudou e as escolas têm que se adaptar." Claro que nenhum pai será obrigado a deixar o seu filho tanto tempo na escola. Aqueles a quem este prolongamento de horário e de oferta educativa convier terão de pagar uma quantia a definir consoante os rendimentos da família.
O investigador Manuel Sarmento, do Instituto de Estudos da Criança, não vê inconvenientes neste alargamento de horários. Desde que "o acompanhamento das crianças para lá do tempo lectivo seja fruto de um trabalho de articulação com a comunidade e não se centre demasiado nos interesses dos pais". E "porque é importante respeitar a autonomia das crianças", estas terão que "ter espaço dentro da escola para exercer as suas decisões.
Fonte "O Público" (2009 Fev 04)

6 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Rojerio
No meu entender, acho que nao devia utilizar o blog, para fazer "politiquice barata ".
Estar constantemente a dizer mal do PS e do Governo, já cheira mal !!
Porque é que o Sr. nao fala mal do seu partido que é o PSD ?
Tambem teria muito que falar !
No inicio do blog, escreveu uma mensagem,onde diz entre outras coisas ,
" Não será portanto benvinda a crítica fácil e destrutiva. " Não será isso que o sr. anda a fazer ?????

Anónimo disse...

Estimado Moleiro…

Deveria ter em atenção algumas das criticas que faz., sabe, assim ficamos a conhecer melhor o seu carácter… .

Qual é o seu problema???, está com medo que o convidem, ou convoquem para uma boa causa.

Infelizmente nem todos nascemos num berço de ouro.

Sabe o que é trabalhar no mínimo 8 horas por dia???, e estar sujeito aos horários dos transportes públicos ???

Certamente não Ama mais dos seus filhos e netos que qualquer outra pessoa…!, terá é outras disponibilidades… .

A grandeza do homem está em, saber avaliar os problemas dos outros.

Um conhecido…

Anónimo disse...

Corrigir, ajuda; encorajar, ajuda ainda mais.
(Goethe)

Anónimo disse...

Mas afinal quem é que escreveu o artigo? Foi o "Moleiro" ou foi tirado do "Público"? A meu ver, o "Moleiro" simplesmente se limitou a transmitir no blog uma notícia do "Público", como acontece noutros blogs. Ele nem sequer escreveu qualquer opinião e já o criticam.Enfim......

Anónimo disse...

" O comportamento é um espelho onde cada um revela a sua imagem."

" A grandesa do homem está em não se cansar de lutar pelo bem."

Anónimo disse...

Porque o futuro do Estado social depende de “enfiarmos” as crianças na escola
12 de Fevereiro, 2009 por Hugo Mendes
1. Como não podia deixar de ser, o facto de a CONFAP ter anunciado a sua proposta para que as escolas do 1.º ciclo estejam abertas 12 horas por dia tem provocado alguma polémica (cf. a reportagem de sábado do jornal “Público”). Porém, antes que o debate fique entregue ao moralismo habitual - de que os pais se “demitiram” de ensinar os filhos; de que, com o aval do Governo, querem transformar as escolas em “depósitos” de crianças, etc. - é importante termos elementos para uma análise mais fria, racional e alargada dos problemas em questão.
2. O epicentro da polémica tem estado nas relações entre a família e a escola. Esta é uma visão parcelar e desloca o problema para o terreno dos “costumes” e das pedagogias em detrimento da relação entre a família e o mercado de trabalho, perspectiva sem a qual reduzimos esta discussão a uma “guerra cultural”.
3. Atente-se no quadro seguinte, tirado deste estudo da OCDE:
Da sua observação sobressaem elementos importantes:
- a taxa de emprego das mulheres em Portugal com filhos entre os 0 e os 16 anos é alta quando comparada com a maioria dos países da OCDE ficando apenas atrás, claro, do cluster nórdico, cujos valores são impressionantes, e não distante do Canadá, Holanda e Suíça.
- Portugal sobe para o 4.º lugar, não longe do trio da frente (Suécia, Dinamarca e Holanda) nas mulheres cujo filho mais novo tem até 2 anos de idade. Este é um excelente resultado, mas talvez seja o outro lado da nossa baixa taxa de fertilidade - mais: Portugal mantém o quarto lugar quando olhamos para a taxa de emprego das mulheres cujo filho mais novo tem entre 3 e 5 anos. Ultrapassamos a Holanda, mas somos deixados para trás pela Finlândia, que se junta à Suécia e à Dinamarca no topo.
- ora, é na faixa etária entre os 6 e os 16 anos (isto é, o intervalo etário correspondente à frequência da escolaridade obrigatória) que Portugal, mantendo uma performance muito apreciável, cai na tabela. O valor de 65,4% cifra-se inclusivamente abaixo da média da OCDE, quando nas categorias anteriores o valor nacional era bem mais elevado. E só a Bélgica, o Luxemburgo e a Espanha partilham connosco este estranho padrão. Em todos os outros países as mães cujo filho mais novo tem entre 0 e 2 anos apresentam uma taxa de emprego inferior às mães cujo filho mais novo tem entre 6 e 16.
Como justificar esta quebra? Não tenho uma explicação imediata, e seria necessário olhar para dados mais desagregados – sendo certo que estão aqui em presença várias forças que uma única variável não pode captar. A verdade é que não é todo absurdo pensar que a melhoria das condições da guarda de crianças a partir dos 6 anos – isto já foi em boa medida conseguida com as actividades de enriquecimento curricular gratuitas no 1.º ciclo (atenção: estes dados são relativos a 2005, antes dessa medida ter sido tomada) – daria outras condições às mães para entrar no mercado de trabalho. É que se partilhamos com os países nórdicos elevadas taxas de emprego das mães, não partilhamos de todo «the comprehensive public support systems, such as parental leave, childcare and out-of-school hours care».
4. Num outro trabalho da OCDE lê-se: «Reforms that encouraged an increase in the number of two-earner families on average would have a stronger effect on reducing child poverty, and there could be significant falls in Greece, Italy, Mexico, Poland, Portugal and Spain. This suggests that in these six countries reforms to encourage employment among partners in single income families should be particularly encouraged.» (p.36). Ou seja, a entrada no mercado de trabalho do segundo cônjuge tem, num país como Portugal, um poderoso impacto na redução da pobreza de adultos e crianças.
5. O bem-estar dos indivíduos e das famílias, por um lado, e robustez das políticas inscritas num Estado social sustentável, por outro, dependem da criação de círculos virtuosos entre políticas e dinâmicas sectoriais distintas mas interdependentes. Se muitos olham o Estado social dos “30 anos gloriosos” como uma história de sucesso por essa Europa fora (e foi-o, em grande medida), foi porque aquele estava assente em dinâmicas auto-propulsoras que o alimentavam de forma estável – até atingirem o seu limite, embatendo num certo tecto económico e/ou político.
Hoje, sabemos que sem maximizar o emprego não teremos base fiscal que sustente a médio prazo o financiamento das políticas sociais; que não teremos altas taxas de emprego se a vida familiar dificultar a entrada dos indivíduos no mercado de trabalho; que uma parte dessas dificuldades está associada à dificuldade que muitos pais sentem relativamente à guarda das crianças; e que se a sociedade não encontrar uma forma de resolver este problema, terá provavelmente que escolher entre ter altas taxas de emprego (feminino) e baixas taxas de fertilidade, ou baixas taxas de emprego (feminino) e altas taxas de fertilidade (não sendo de excluir o pior dos mundos, no qual as baixas taxas de emprego (feminino) se juntam às baixas taxas de fertilidade, como nos caso da Hungria, da Espanha ou da Itália). O círculo virtuoso que é indispensável criar pretende evitar que tenhamos que escolher entre uma coisa e outra. Os países nórdicos, por exemplo, conseguiram-no.
6. Até que esta ideia faça o seu caminho no debate público e político, é preciso devolver alguns elementos aos críticos, em particular àqueles que se colocam à esquerda do Governo. Sim, talvez - talvez - o facto da criança passar 12 horas na escola possa ter um lado negativo para o seu desenvolvimento equilibrado. É uma hipótese em aberto, relativamente à qual é provável que os pedagogos nunca cheguem a um consenso. Ora, no plano do “talvez” não é difícil imaginar que essas horas na escola “roubam” tempo que em casa seria passado em frente da televisão ou a jogar Playstation – actividades que o mais pedestre aprendiz de pedagogo dificilmente terá como um modelo de desenvolvimento das crianças. Se os pais são uns “irresponsáveis” que se demitem de educar os filhos abandonando-os na escola, é improvável que se transformem nos mais virtuosos progenitores apenas porque têm que passar mais tempo com os filhos – muitos sem saber o que “fazer” com eles. E a televisão e a Playstation são óptimas soluções, entre outras, para dar largas à demissão parental. Não pretendo moralizar – mas tão só relativizar a ideia de que se não fosse a “escola-depósito”, de repente o milenar problema da socialização dos mais novos elementos da sociedade estaria bem resolvido.
O fundamental desta discussão, por muito que custe aos críticos de esquerda, é que na vasta maioria das famílias portuguesas os dois elementos adultos do agregado familiar têm de (e querem) trabalhar. O que pretendem os críticos: que um deles decida ficar em casa e viver com ainda mais dificuldades económicas? E quando sabemos que é quase sempre a mulher que abdica da inserção profissional, é este o modelo familiar que queremos promover? Para mais, não vejo por que motivo as escolas têm que ser “depósitos” de crianças nem por que motivo é que, para usar a expressão de Francisco Almeida, da Fenprof, as crianças tenham de estar “enfiadas” na escola. Estar na escola é assim tão mau? É um sacrifício tão gigantesco? As actividades que lá têm lugar são assim tão inúteis e tão pouco dignificantes? É estranho que um sindicato de professores olhe para a realidade escolar com tanto miserabilismo. E a Fenprof fala por quem? Pelas crianças? Pelos pais – e por que pais? Assim de repente, não me parece que fale pelos que precisam que o Estado e as escolas assegurem a guarda de crianças até ao final do seu dia de trabalho: a enorme fatia das classes trabalhadoras e médias.
Elogie-se, porém, a coerência: para a Fenprof, não é escola que tem quem mudar. Não: é a sociedade que tem que mudar para se adaptar ao modelo de escola que a Fenprof defende. O ónus da mudança, sabemos, nunca reside na organização ou nos profissionais – pagos com dinheiros públicos, convém lembrar de vez em quando, com o risco de ferir algumas susceptibilidades - mas na “sociedade”: essa nebulosa galáxia constituída pelas empresas, pelas famílias, pelo Estado, e claro, pelo “modelo económico” (leia-se “capitalismo”). Como entretanto ninguém tem soluções de varinha mágica e a crise obriga a mais sacrifícios por parte dos indivíduos/famílias e das empresas, essa “grande mudança estrutural” que a Fenprof pretende não chega, e a sua argumentação redunda em conservadorismo, no melhor dos casos, ou em hipocrisia, no pior. Para que as crianças não fiquem «enfiadas» nas escolas, talvez a Fenprof prefira, por exclusão de partes, que um dos cônjuges (mas e o que fazer no caso das famílias monoparentais?) não trabalhe – ou trabalhe menos horas -, o rendimento dos agregados familiares diminua, e com isso aumentem o seu risco de pobreza e as desigualdades sociais. É sempre bom saber quais as prioridades de cada um.