terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Alcunhas de Vila Verde

"Há um tempo atrás, descrevi como era o desporto-rei, o futebol, na nossa terra. Nesta também divulgámos a cultura, isto é o Teatro Amador.
Após o 25 de Abril de 1974, o teatro infantil emerge em Vila Verde, com tal esplendor, salientando-se algumas peças: “O País das Letras”, “O Farruncha” e ainda algumas rapsódias teatrais, apresentadas em algumas festas de natal.

Vou descrever neste meu artigo de opinião, uma peça que foi representada em 1986 e encenada por Maria José de Oliveira (Maria Maluca). Num dos seus “sketchs” de representação, havia um tema dedicado às alcunhas de Vila Verde daquela época. Foram por mim escritos, não com o espírito de zombaria ou depreciação de tais “personagens”, mas sim para dar a conhecer que na nossa freguesia, o nosso povo tinha alcunhas muito genuínas (sui géneris). Elas aí vão"
José Amílcar
I
Entram os senhores da cozinha:
Os garrafas, os sertãs e os gamelas.
Só faltam os tachos da vizinha,
Que são trocados por panelas
II
Para uma rica mariscada,
Que provoca grandes bolhões,
Desde a picha enlatada,
Aos deliciosos camarões.

III
Caranguejos e meixoalhos
São “papados” pelos cornetas,
Juntam-se depois os bugalhos
E, de seguida os tetas e os zetas

IV
Tudo isto vem provocar,
Caganos e caganeiras
Pr’o carroça transportar
Os doentes à Figueira

V
Temos blusas e barretes
Artigos de boa confecção
O racha mete os colchetes
E os freirinhos o ceirão

VI
Abóboras, nabos e feijocas
Leva a albardeira ao mercado
A setra vende as pipocas
E os bigodes tratam do gado

VII
Mais alcunhas poderia denominar
Desculpem as minhas zombas
E para o Carnaval acabar,
Vêm fósforos, buchas e bombas

P.S.- Foram referenciadas 30 alcunhas. A grande maioria “já partiu”. Para eles/elas, o meu voto de respeito e de saudade.

4 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns ao sr. Jose Amilcar. Desconhecia esta sua vertente poetica-humoristica , mas está de facto muito engraçado este poema com as alcunhas. Deveria elaborar um com as alcunhas mais recentes decerto que também iria ficar engraçado . mais uma vez parabéns pelo trabalho realizado.

Anónimo disse...

Alguém sabe indicar a alcunha do autor deste poema, também gostaria de lhe dedicar um poema.

Anónimo disse...

É o Zé Beba

Anónimo disse...

Zé Beba, acrescenta;

Mister Barbas, para satisfazer a sua curiosidade e outros anónimos, poderei citar outras alcunhas, que tive ao longo da minha vida, assim passo a descrever;

Na minha infância na Escola Primária em Santa Comba Dão (Vimieiro) - era o Zé Míscaro (gostava de apanhar cogumelos e saboreá-los, depois de confeccionados).
Na adolescência vivida em Vila Verde, um nome vulgaríssimo, me foi imputado - Zé Beba - era um bom apreciador de gasosa (garrafa de pirolito) e anis escarchado (muito doce).
Na Escola Comercial Bernardino Machado - alguns colegas e amigos por chacota, "baptizaram-me" - O Tachê (talvez por tentar enganar os professores, através das minhas cábulas).
No serviço Militar (Guerra Colonial na Guiné) - os meus companheiros de armas, apelidaram-me de Tigre (quando ia para o mato, parecia um felino).Além disso, escrevi o hino da minha Companhia (Cart. 3331), que tinha por mascote - o Tigre.
Agora, que lhe transmiti várias dicas, já pode escrever o seu poema.
Agradeço ....
Zé Amílcar