quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Memórias, futebol e alcunhas

Relembrar a década de 60 (1962), é voltar à época da minha adolescência. Era um "caspito" com 13 anos e como todos os rapazes daquela geração tinha uma alcunha - "Zé Beba" -. Como todos também jogava futebol. Era o " benjamim" da equipe (João Moutinho em miniatura), mas já era o "dono da bola". A minha equipa era assim formada:
gr: Môco; defesas: Lelo, Zéias,Barbeiro e Palas; médios: Zé Pingas,Zé Beba e Zé Ramita; avançados: Barqueiro, Tripeiro e Litos da Cidaliza.

Treinávamos nas " manhins" de domingo, no largo do Senhor da Coluna. As balizadas eram a capela e a árvore junto ao muro da nossa querida Escola. Jogávamos por tempo indeterminado. Mudávamos aos 5 e acabávamos aos 10. O jogo tinha muitas interrupções, devido ao trânsito (reduzido) na altura e também quando a bola fazia os seus estragos, partindo os vidros da loja do senhor Fonseca e da padaria. Faziam-se "quetes" pelos jogadores para pagar os prejuízos.

Nos jogos a "sério", particulares, deslocávamo-nos sempre às outras localidades, pois não tínhamos campo. O nosso transporte era o "kimbóio" (o ligeirinho), viajando em carruagens verdes de 3ª classe ou nas nossas pasteleiras (bicicletas).

O nosso equipamento era todo branquinho, à Real Madrid. A nossa táctica ... era "proibido" perder, porque a crítica (o Palhinhas, jornal do povo) logo avcançava "Ei!!! levaram uma abada". Mas quando ganhávamos "Ena pá!!! não há pai, são os maiores da cantareira".

O nosso prémio de jogo, num domingo de Verão, na Ereira, foram tainhas fritas, com "broa" de milho e pinga da boa, na tasca do Bernardes. Resultado do jogo a nossa vitória por 4-1.

O 1º golo apontou o "tripeiro". "Raspou-se pelo corredor direito, qual speedy gongalez e marcou isolado ...Vai buscar!!! O 2º golo, cabeçada de "Barqueiro após um "corner" de Zé Beba. O 3º golo, Zé Pingas chuta de livre directo em "folha sêca". No 4º golo, Zé Ramita faz uma "cueca", centrou e Litos da Cidaliza marca em "off side". Mais tarde o Tonito Môco, foi buscar um "frango" ao fundo da baliza.

No regresso de "kimbóio", atrasado uma hora), o capitão da equipe e "patrocinador" Zéias" dizia " Oh malta o próximo jogo é em Maiorca, mas vamos no tractor do meu pai ou nas nossas "pasteleiras".

Era assim o nosso futebol, tempos difíceis, tempo da ditadura Salazarista.

Aqui vos deixo uma foto da época. Comentem e identifiquem os jogadores do "Grupo Desportivo Vilaverdense"
José Amilcar
Os agradecimentos do Moinho ao José Amilcar pelo trabalho enviado. Para a semana será publicado um outro seu trabalho "O teatro e as alcunhas antigas". Até lá

4 comentários:

Anónimo disse...

Outros tempos , bem diferentes dos actuais :-) Devia ser engraçado ver a equipe chegar de tractor lol ainda bem que os tempos evoluem , mas esses tempos não deixariam de ter a sua graça , e hoje certamente recordados com saudade por quem por lá passou...eu sou de uma geração mais nova do que a do sr.Jose Amilcar e por esse facto ou as pessoas estarem muito diferentes , não reconheço ninguem na foto ....:-)

Anónimo disse...

É pena não se poder ver a foto num formato maior...

Anónimo disse...

Desportivo Vilaverdense (1962)
De pé: Palas (Carlos); Barbeiro (Albino); Lelo (Manel); Môco (Barracho); Tripeiro (Tó Serra); Useias (Augusto).
Em baixo: Litos da Cidaliza (Cardanho); Barqueiro (Carlos Seco); Zé Ramita (Rama); Zé Beba (Zé Amílcar); Zé Pingas (Portulês).

O autor do artigo; - Zé Amílcar

Anónimo disse...

Estou intrigado. Não consigo conhecer vc. o ,mentor do moinho, assim como na foto conheço poucos e são todos parceiros meus, jovens do passado. Eu tb quebrei algumas vidraças na padaria do sebastião. Joguei muita bola no largo antónio oliveira salazar. Eu sou o HELDER, filho do falecido BASATA. Acaso vc me conhece?OOu eu o conheço?