quarta-feira, 18 de junho de 2008

G.R.Vilaverdense o que comemorava? A resposta.

"Há cerca de seis meses descobri na Internet o Blog “O Moinho”, verdadeiro jornal da comunidade vilaverdense, focando com actualidade vários aspectos da nossa freguesia, louvando e criticando de forma contida e nunca hostilizando seja quem for e muito mais do que isso, permitindo aos leitores, de forma interactiva comunicarem com o blog e entre si, manifestando-se livremente e emitindo a sua opinião sobre os diversos temas abordados.
Poucos avaliarão o trabalho, esforço e dedicação necessários para manter um blog deste tipo. Eu faço uma pequena ideia, já que fiz parte de uma equipa redactorial.
Por isso admiro o “moleiro” e como vilaverdense tenho orgulho no “moinho”. Oxalá perdure por muitos anos.
É por admirar o “moleiro” que respondo ao seu apelo, no sentido de o ajudar a identificar a cerimónia e as pessoas que lhe deram corpo, tal como pede na página com o título “G.R.Vilaverdense o que comemorava?”
Esta foto foi tirada momentos antes da Sessão Solene comemorativa das “Bodas de Ouro” GRV, data em que também se inaugurou a actual “Boca de Cena” em alvenaria, se remodelou a electrificação geral e o palco, o pano da boca de cena em veludo e as bambolinas.
Este projecto, arrojado para a época, foi levado a cabo pela Direcção 1969/70 e 1970/71 e mobilizou toda a freguesia.
Gente de Lares, da Fontela e, muito especialmente de Vila Verde, todos os antigos directores do GRV, responderam à chamada e colaboraram em termos monetários e de serviços para a concretização das obras pois reconhecia-se que o arranjo a que se propunha a Direcção, era de grande necessidade, tendo em conta que a boca de cena existente, em madeira estava podre e as chapas zincadas que tapavam a empena sul no desnível entre o telhado do palco e o telhado da plateia, datavam de 1921, estavam cobertas de ferrugem e crivadas de buracos.
A obra de alvenaria foi inspirada no desenho da Boca de Cena da S.I.Tavaredense, cujo interlocutor, o Senhor José Ribeiro grande amigo do nosso GRV orientou e acompanhou sempre a Direcção.
Com a Direcção colaborou de perto uma comissão de honra formada por pessoas de reconhecido nível e com provas dadas de grande dedicação ao GRV. Era o “Comboio em andamento” no qual também entraram as empresas existentes na freguesia nomeadamente a Vidreira da Fontela, cujo administrador Senhor Mário Barraca nos presenteou com a sua presença e com um substancial donativo no final da Sessão Solene.
Nesse comboio entrou também o Governo, através da presença do Senhor Governador Civil que também nos deixou um significativo donativo. Lembro aqui o Senhor Arménio Paralta que tudo fez para conseguir a sua vinda ao nosso Grupo. Não era fácil nessa altura ter como convidado Sua Excelência o Senhor Governador Civil.
Não vamos falar do rebaixamento do solo por debaixo do palco, donde saíram várias toneladas de terra. Quanto labor, quanto suor meu Deus. Homenagem ao meu amigo e condiscípulo João Godinho “Lareão”, ao Carlos Simões, Afonso Flávio e não falo de tantos mais que todas as noites apareciam a ajudar a Direcção.
Enquanto isso, no salão, depois do jantar as mulheres de Vila Verde alinhavavam e coziam o enorme e pesado Pano da Boca de Cena e os demais adereços do palco, cortinas e bambolinas.
As crianças também vinham, brincavam e por fim adormeciam sobre os panos no chão da plateia que antes fora lavado com sabão amarelo pelas suas mães que agora costuravam.
No dia 1º de Maio de 1971, a frente do palco foi iluminada com luz indirecta e o novo pano foi deslizando para os lados. A Filarmónica de Lares iniciou os primeiros acordes do Hino do GRV dando-se início à Sessão Solene comemorativa dos 50 anos do nosso GRV.
Momentos antes da abertura da Sessão, o fotógrafo também ele sobre o palco mandou perfilar alguns dos presentes e tirou uma foto.
É essa, uma das fotografias do cinquentenário do nosso Casino como diria o meu saudoso amigo Xico Pelicano, referindo-se ao GRV. Reconheci-a logo que a vi pois dela faço parte também eu, que nunca fico em fotografias. Ainda bem que fui fotografado porque assim posso dar o meu testemunho como director do GRV nesses dois inesquecíveis anos e ajudar a esclarecer a dúvida do “Moleiro”.
Identificada a cerimónia, vamos identificar as pessoas:
Da esquerda para a direita.
De pé: José Martelo, Aleixo Moreira, Engº Pinto dos Reis, Padre José Barata, Carlos Costa,
Mário Paralta, Acácio(será?),José Carrapato.
Sentados: Amilcar Carriço, Veríssimo (Fontela), Fernando Terreno, Herlander Rocha, José Correia, Manuel Saraiva, Carlos Cardanho, António Monteiro, António Rocha, Carlos Alberto Pelicano, Mário Monteiro (Lares).
Pena não se reconhecerem as mulheres. Mas elas estão lá, uma atrás de cada homem.

No final da Sessão Solene, seguiu-se um digno beberete e no final apregoaram-se os donativos por parte dos donatários, pelo que os cofres do GRV respiraram de liquidez tendo permitido pagar os investimentos efectuados e deixar à nova Direcção, um significativo valor de arranque para continuar o projecto, agora sob o lema “O Comboio não pode parar” e iniciar e concluir relevantes obras, das quais destaco pela sua importância a construção do Balcão."
JC

Amigo JC, obrigado por mais este grande contributo, que nos elucidou por algo que aconteceu, em Vila Verde, no GRV, no ano de 1971. A comemoração do seu 50º aniversário. Lembro-me bem desse dia e todas as caras me foram familiares. Tomo a liberdade de publicar apenas mais duas fotos, onde é possível vislubrar alguns dos ilustres convidado desse glorioso dia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Um texto muito bem redigido e muito ilusidativo.
Retrato vivo das direcções de há uns anos átras, onde todos os directores trabalhavam,fosse de pá ou picareta.
A amizade o respeito e compreenção eram dominantes nesta época.
Pena é ,que esta direcção seja tão prepotente e ingrata.
Quando se ajuda as pessoas são apelidadas de intrusas.
Quando não se ajuda o comboio não anda.
Ainda para não falar de quem durante muitos anos colaborou, e derrepente passam a ser personas não gratas.
Realmente aqui passa-se algo de grave,a área desportiva já não tem quase ninguem.
Ora será que só três ou quatro é que estão certos?
Que tal seguir os modelos da boa convivência,união, cordialidade e já agora bom senso!
Vamos dar as mãos, promover inventos, patrocínios e tudo o que vier, que venha por bem!
Como a direcção de 69/70 e 70/71, vamos chamar-lhe "o comboio não pode parar"

Anónimo disse...

Alguém no tempo da outra senhora lhe chamou o "Comboio do progresso" e foi visitado pela PIDE. Tempos maus para a sociedade e bons para o associativismo. Mas os progressistas de então, até foram perseguidos também nos tempos do PREC, prós 25 de Abril, sabiam. Estão agora retirados e, fazer a diferença. Mudaram-se os tempos e as vontades, os ideais politicos alteraram-se e as cores partidárias desbotaram-se, quem diria. A solidariedade virou egoísmo e, os amigos do GRV, já comentam post na internet. Neste planeta sempre em movimento e à velocidade de uma vida, poucos são os que pretendem servir, pelo prazer de dar, agora nada serve, sem recolha de contrapartidas, sejam a favor da personagem, ou troco do peusdo-proagonismo e deleite de aparecer numa qualquer foto de jornal. Enfim a escrita nestes comentários distingue-se pela qualidade do ensino da D. Ercília, tão contestada pela sua atitude pouco pedagógica, mas agora tão reconhecida. São os tempos da mudança, não de comboio, mas metro cosmopolita, onde os graffitis viraram arte e, as pinturas de intervenção política são aspectos onde o impacto ambiental muito está a agredir os nossos autarcas. Tudo mudou, caros amigos e olhar para trás não demove as mentes de agora, mas recordar é viver e a saudade é a prova inequívoca que o passado foi bom. Por isso é bom ter saudades e, os blogs de agora podem servir para avivar essa recordações. Para bens ao moleiro, pelo álbum de recordações.