quarta-feira, 19 de maio de 2010

Doente operado ao braço errado no Hospital Particular de Lisboa

Ao acordar na sala de recobro do Hospital Particular, em Lisboa, Fernando Castro sentiu um desconforto numa parte do corpo onde nada de diferente deveria sentir. Chamou uma enfermeira, pediu para lhe retirar o lençol que o cobria e verificou que tinha o braço direito envolto em ligaduras. O esquerdo, ao qual deveria ter sido operado, estava rapado e sem qualquer vestígio de intervenção clínica.
"Nem queria acreditar. Chamei a enfermeira, que confirmou que me haviam operado ao braço errado. Depois vieram os médicos. O cirurgião ficou muito aflito e pediu muitas desculpas. O chefe de equipa portou-se pior. Perguntou-me porque é que eu não disse nada". "Como é que eu havia de dizer alguma coisa, se tinha levado anestesia geral e estive a dormir durante três horas?"
Para grandes males, grandes remédios, terão pensado os médicos responsáveis pela operação (a uma fibrocartilagem do triângulo do pulso esquerdo). Fernando, viu o operador e o chefe de equipa avançarem com uma solução para o caso. "O cirurgião disse-me que já que estamos aqui aproveitamos e vamos já operá-lo ao outro braço, mas antes ainda me informou que aproveitara o engano para reparar uma lesão antiga no braço direito. O chefe de equipa tentou culpar a enfermeira e eu tive que me insurgir, pois ela nada fez de errado. Pelo contrário: até me rapou o braço que deveria ter sido operado."
A verdade é que o doente, que a princípio até estava receptivo a uma segunda operação, acabou por reflectir e não se dispôs a voltar, naquela ocasião, à sala de cirurgias. "Iria levar duas anestesias gerais em poucas horas e, além disso, ficava impossibilitado de utilizar qualquer um dos braços, uma vez que o que estava bom já estava operado e ligado".
Um engano. Um terrível engano ocorrido no passado dia 12 e cujo desfecho final parece encaminhar-se para uma sala do tribunal. Mas que bem eles nos "tratam da saúde".
Vá lá já não perdeu tudo. Sempre lhe repararm uma lesão antiga no braço errado. Aquela de quererem culpar a enfermeira está demais. Mais um pouco culpavam o porteiro do Hospital. A incompetência ao serviço da saúde.
Fonte "O Público" 2010 Mai 19

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