segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Politiquices

Teixeira dos Santos, numa conferência no Casino

“Para ter sorte é preciso trabalhar muito”


Comentário do Zé;

"Por isso é que os nossos políticos são uns homens de sorte. Reformas chorudas e com meia dúzia de anos de serviço. Nós porque trabalhamos pouco não temos essa sorte. Esta era para rir se ainda houvesse vontade."

Mendes Bota no jantar do PSD, em Castro Marim

"Salazar era ditador e não enganava, mas agora temos uma democracia formal, que é uma ditadura que oprime os cidadãos."

Comentário do Zé:

"Bem mas a outra também oprimia, mas é realmente verdade que Salazar não enganava ninguém."

E eu só digo:

Ainda tem lógica o chavão 25 de Abril sempre? Para esta nova casta política sim ... Bem o que eu realmente penso é que somos todos uma data de "parvoinhos".

4 comentários:

Paulo Bernardes disse...

Confesso que por princípio concordo com o Prof. Teixeira dos Santos, mas no nosso País para muitos a "sorte" é madrasta: não se dá valor ao trabalho. Dá-se antes valor à maledicencia, ao diz-que-disse, ao oportunismo. Na sua grande generalidade, o povo português gosta de ouvir o "politicamente correcto", falar do carro novo, dos grande "negócios" que faz, das férias, enfim, de mil e uma coisas que roçam a frivolidade. Não gostam de falar de problemas e, muito menos, de os resolver. Os problemas contornam-se: alguém que os resolva. E quando alguém resolve um problema vem quase sempre o comentário de outrém: "se fosse eu fazia assim...". Mas "fazer" que é bom está quieto...
Eu li o "Apelo a Santo António". A autor no fim conclui aquilo que todos nós sabemos, mas que ninguém tem coragem de fazer. Acomodamo-nos aos nossos lugares, às nossas profissões, deixamo-nos roubar indecentemente, mas mesmo assim preferimos isso a ter chatisses.
São influências de meio século de ditadura, diriam uns. Talvez...
Não sei o que o sr. deputado Mendes Bota quer significar com a expressão "democracia formal". Se calhar nem ele... Mas eu acredito que qualquer democracia, por muito fraca que seja, é sempre infinitamente melhor do que uma ditadura de esquerda ou de direita. E a democracia que temos actualmente é a democracia que todos nós contruimos. Não é a democracia do PS, nem do PSD. É a democracia de todos os partidos que têm ou tiveram representação parlamentar. É a democracia de todos os que, em consciencia, exerceram o seu direito de voto. É a democracia de todos os que não exerceram o seu direito de voto. Pessoalmente, responsabilizo mais estes últimos, porque são aqueles que poderiam, eventualmente, ter mudado o rumo das coisas, mas que não se mexeram para o conseguir.
Eu acredito que cada um de nós só se deixa oprimir se quiser: nós somos donos da nossa vontade e da nossa opinião. Temos o direito de manifestar a nossa vontade e a nossa opinião e temos o dever de assumir essa manifestação.

"O moleiro" disse...

Amigo Paulo:

Apesar de concordar com muito do que aqui disse, não concordo com o que disse Teixeira dos Santos. A grande maioria dos portugueses trabalha que se desunha e não tem assim tanta sorte. Basta ver a grande maioria dos nossos reformados que têm que sobreviver com 240,00 € mensais. Uma vida cheia de trabalho para uma reforma de miséria. Em contrapartida os nossos "novos" políticos “made in 25 de Abril”, sacam reformas chorudas, sem grande trabalho, ou não concorda comigo? Esses sim tiveram muita sorte, mas não me parece que tivesse sido por trabalhar muito. E penso que não é por não ir votar que o problema se resolve, visto que são todos iguais. Sabia que mais de metade dos deputados têm o mandato suspenso? E sabe porquê? Porque foram ocupar outros lugares mais recatados e mais bem remunerados. Agora são uns, depois outros virão. È a chamada mudança de cadeiras (tachos). E sabe quem foram os culpados desta situação? Os cravos vermelhos. Pobres capitães de Abril.

Paulo Bernardes disse...

Estimado Moleiro:

O facto de por vezes escrever as coisas e de não as reler, pode induzir em erro algumas interpretações do que de facto quero afirmar.

Deixe-me clarificar:
eu concordo com com o principio, ou seja, idealmente acho que a sorte se constroi com trabalho. Acredito que o trabalho dignifica. Mas isso, regra geral não acontece em Portugal.

Também não sou apologista das reformas chorudas que são pagas à custa do Zé Povinho. Acho até que num País onde as assimetrias sociais são tão acentuadas se deveria incutir uma regra bem definida que diminuisse essa desigualdade.

Os novos politicos "made in 25 de Abril" são de facto muito maus. E existem exemplos no nosso concelho. Eu lembro-me de um que foi meu colega na escola, quando eu acabei o 12, ele ainda estava no 9. Nunca foi brilhante aluno, mas estava na associação de estudantes. Hoje é deputado. Acho que já foi gestor de várias empresas publicas e privadas, mas não sei se tem alguma formação superior. Se tem, deve ter sido nalguma universidade do tipo daquela que todos nós conhecemos :-). E como este haverá muitos...

Quem não vai votar é omisso. É o chamado "pecado por omissão". São os únicos que poderiam ter mudado o rumo dos acontecimentos, mas não o fizeram. É nesse sentido que são "culpados". Não significa que as coisas estivessem melhores, mas estariam eventualmente diferentes.

Relativamente aos deputados não sei se existe algum código deontológico. Se não existe, deveria de existir. E mais, deveria ser possivel responsabilizar criminalmente os titulares de cargos públicos que descaradamente lesaram e continuam a lesar o Estado e os seus contribuintes. A culpa não deveria morrer solteira... infelizmente em Portugal morre...

"O moleiro" disse...

Está a ver Paulo, foi para esse seu ex - colega e para outros como ele ( há imensos) que valeu a pena o 25 de Abril. Isto vem dar razão à minha máxima: " Nunca fizeram nada na vida, nem por ela e tiveram e continuam a ter muita sorte".Ah pois é. Mas o 25 de Abril trouxe-nos coisas muito boas, apesar de aos poucos as irmos perdendo. Por isso pelo espírito com que foi feito o 25 de Abril, continuo a acreditar que valeu a pena. Já agora sabe os partidos onde começaram a militar a maior partes dos que nos "têm governando" nos últimos anos? Ajuda a perceber um pouco a sua forma de pensar e de agir. Repare qual o discurso quando são oposição e quando estão no governo. Não tem nada a ver pois não? Oportunista é que eles foram e camaleões é o que continuam a ser. De resto já deu para ver que concordo inteiramente com os seus comentários.