sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Lisboa - Dakar

O ministro da presidência, afirmava ontem que " não é por falta de condições de segurança que o rallye Lisboa-Dakar não deixará de se realizar". Mais uma vez um membro do governo se enganou.

Pela primeira vez em 30 anos, foi cancelado, por questões de segurança, o rallye Lisboa - Dakar. A antena aberta do programa radiofónico Antena 1, teve o tema em discussão e nele foram tecidas as mais variadas opiniões. Os jornais da tarde e certamente os da noite não irão falar de outra coisa. Um concorrente português afirmava na RTP 1, que tinha dúvidas que, se os mortos na Mauritânia, fossem mauritanos ou portugueses, a decisão teria sido a mesma. Eu não tenho dúvidas, eu tenho a certeza que não era. Não temos poder decisório em lado nenhum. O Paris-Dakar passou-se a chamar Lisboa- Dakar, porque realmente somos um Grande país . Grande, porque construirmos estádios de futebol para o Euro 2004 para agora estarem às moscas uns e abandonados outros e os proprietários de tanga. Grande, porque organizamos cimeiras e banquetes para milhares de convidados, enquanto milhares de pessoas se encontram no limiar da pobreza e ainda a usufruir da sopa dos pobres. Grande, a pagar altas reformas e demais mordomias chorudas a políticos, quando a maioria dos reformados e pensionistas vivem com reformas de miséria.
Pelo menos nestes dias os portugueses e portuguesas, vão esquecer-se:

  • que o ministro que nos anda a dar cado da saúde, concordou com as críticas que lhe foram feitas pelo senhor Presidente da República e não pede a demissão nem há coragem para o demitir.
  • que voltámos ao tempo em que a polícia invade a sede de um sindicato, é chamada à Maternidade Bissaia Barreto para identificar sindicalistas, claro dentro do espírito democrático a que nos vamos habituando, fazendo recordar tempos não muito distantes.
  • que a violência e a delinquência têm vindo a crescer assustadoramente, nomeadamente nas escolas e a ministra da Educação a dizer que são casos pontuais. É muito mais importante para o país que sejam retiradas as referências religiosas na designação das Escolas Públicas.
  • que o sistema judicial e a justiça estão caducos e não funcionam.
  • que as forças militarizadas estejam completamente desautorizadas. Como queremos ter um país com educação, respeito e civismo com uma situação destas.
  • que ainda ninguém conseguiu ver os resultados práticos da retoma económica.
  • que a taxa de desemprego no país "desceu" à custa da emigração dos nossos jovens e não pelos 150.000 novos postos de trabalho que lhes prometeu.
  • que o Governo estipula aumentos para os seus reformados de 1,7%,1,9% e 2,4%, quando vai deixar aumentar o preço do pão em 30%, os transportes em 3,9%, para já, pois parece que para Junho há mais, deixa aumentar as taxas de juro para o crédito bancário, quando os bancos apresentam lucros que deviam deixar envergonhado o nosso ministro das Finanças. Já ninguém mete mão nisto.

Por tudo isto estamos na cauda da Europa e por lá continuaremos. No outro lado do Atlântico mora um "homem" que está a morrer de riso de tanto gozo que a situação lhe provoca. Se o têm avisado com tempo ele resolvia o problema em menos de um fósforo. Bem, o pior era outra vez o petróleo, que já vai em 100 dólares o barril. Sabem quanto custa um galão de gasolina nos States? Uma pechincha. A crise passa-lhes ao lado. A Europa é que tem que aguentar. Mas a culpa de tudo isto é da Al Qaeda não é verdade.

Ah, já me ia esquecendo que o senhor ministro da Presidência, disse hoje compreender a decisão da Organização do rallye. Afinal não havia condições de segurança. Ainda bem. Mais vale prevenir que remediar. Mas como bons portugueses que somos já começaram a surgir as primeiras filas de espera para serem recebidas as indeminizações devidas. Isto é que é importante.

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