sábado, 24 de maio de 2008

Álbum de Recordações III

A Empresa Vidreira da Fontela foi constituída em 01 de Julho de 1919. No entanto, a fabricação teve o seu início apenas em 01 de Maio de 1920.

Na altura, a empresa teve que recorrer à “importação” de trabalhadores, não só na arte de trabalhar o vidro, mas também no empalhamento de garrafas e garrafões, oriundos sobretudo das zonas vidreiras de Amora e Marinha Grande. Muitos destes acabaram por se fixar por cá e constituir família.

A EVF, foi durante mais de 60 anos a maior unidade empregadora do distrito de Coimbra e marcou profundamente o desenvolvimento da nossa freguesia. A administração de então não descurou a vertente social dos seus funcionários, tendo construído habitações sociais para os mesmos e uma Creche para os seus filhos, que manteve em funcionamento, ao longo dos anos.

Em 1931, deu-se início ao fabrico de garrafas de champanhe, até aí importadas de França, Bélgica e Alemanha. Depois dos necessários ensaios, as Caves Raposeira e Monte Crasto, reconheceram nelas qualidade e passaram a ser preferenciais compradores. Em 1938, inicia-se a fabricação de vidro impresso. Entre as décadas de 40 e 60, dá-se a modernização da EVF e é abandonado o fabrico manual, passando ao semi-automático. Nos anos 60, deu-se início à fabricação de vidro impresso em contínuo. Em Julho de 1963, são inauguradas as novas instalações da Creche, com capacidade para 120 crianças. Hoje, nessas instalações, funciona o Centro de Estimulação Precoce da Fontela, da APPACDM da Figueira da Foz, mas ainda carinhosamente chamado “Creche da Fontela”. Em 1973, é instalada a que era na altura considerada a melhor “Composição do País” (mistura das matérias primas, que depois de fundidas resultavam no vidro). Em 1974, apesar do período conturbado de então, ainda instala um novo forno, que entretanto já não chega a laborar com a gerência de então. Este, após alguma alterações, foi posto a funcionar pela empresa sua “sucessora” Vimosa - Vidreira do Mondego SA.

Sucumbiu, depois de muitos dissabores, de muitas jornadas de luta, de muitas noites sem dormir, vergados às vezes pela lei do bastão, numa noite triste, escura e fria de natal, no ano de 1982. Nesse dia, uma árvore de Natal coberta com bandeiras pretas, junto à Fonte Luminosa da Figueira da Foz, simbolizava a agonia e a exalação do último suspiro da Empresa Vidreira da Fontela.

Este álbum, pretendeu homenagear e relembrar todos os que ao longo dos anos, de uma forma ou de outra, deram corpo à EVF, que marcou profundamente a nossa terra e sua gentes. Quem não tem na sua família algo que a ligue à EVF?

Veja as fotos. Nunca se sabe se nelas não encontrará uma sua ou de um dos seus. Um obrigado sentido ao Fausto Godinho, ex - funcionário da EVF, que tornou possível este trabalho, não só pelos textos facultados, mas também pelas fotos.


21 comentários:

Anónimo disse...

Os meus máis sinceros parabéns senhor professor, foi com algum orgulho nas nossas gentes que me fiz passear pelo texto e pelas fotos deste álbum de recordações, está um belissimo trabalho, espero que seja bem aproveitado pelos leitores deste blog, não só para comentários obsenos com caractér destrutivo, mas sim que sirva para que se recordem tambémm do sofrimento desta gente quando ocorreu o fecho da fábrica passando muitos destes trabalhadores algumas dificuldades e até mesmo fome tendo de recorrer muitos deles a agricultura e a pesca para fazer face as suas necessidades, que este alvo de recordações sirva também de exemplo para que não se volte a cair nas mesmas asneiras do passado.. Um bem aja e continue que vái no bom caminho..

Anónimo disse...

muitos parabens pois foi muito agrado que eu voltei a recordar como foi que os meus pais e tios trabalharam nesta empresa e também me fez recordar quando eu andei na creche da empresa foi muito bom recordar estes tempos bons e também os tempos em que a minha mãe chegou ao fim da empresa como tantas famílias da nossa aldeia e arredores este album está perfeito e bonito a si e a todos os que poderam ajudar neste album os meus sinceros parabens e até ao próximo album de recordações que ele seja tão bom como tem sido até agora até lá os meus parabens e continue a fazer-nos recordar os belos tempos que tinhamos e que temos saudades deles.

um abraço amigo e sincero

Anónimo disse...

Como diz o velho ditado recordar é viver.
Fiquei emocionada ao ler um texto que retrata tão bem o que foi a E V F e as nossas gentes que lhe deram vida ,ao longo dos inúmeros anos em que ela laborou, e que ,sem eles nunca teria tido o susseso que alcançou a nível internacional .Quanto ás fotos, fiquei com a lágrima ao canto do olho por recordar a minha linda terra naquela época, a mesma época da minha meninice ,sim, porque, Ser de Vila Verde, e Estar em Vila Verde, não é propriamente a mesma coisa.
Para os vilaverdenses mais novos mostrar como era a nossa aldeia
Para os menos novos fechar os olhos e recordar
Para os mais entrados que não sabem mexer nas novas tecnologia por favor ,quem estiver por perto mostre-lhe estas lindas fotos.
Para os que optaram ser Vilaverdenses de coração mostrar a Nossa Terra e Nossas Gentes
Vi imensa gente com a minha idade que nessa época teria 3/4/5 ou pouco mais ou menos, foi um momento muito bom.
Isto sim è muito bom . Ao sr moleiro o meu muito obrigado por nos recordar quem fomos ,e quem não queremos deixar de ser.

Anónimo disse...

Muito bem, Sr. J.P vasco !
Assim é que se fala !

Anónimo disse...

Venho agradecer-te Rogério este momento mágico que vi nestas imagens de quando andava na creche, pois é recordar é viver, foi bom recordar e viver novamente esses tempos.
Um abraço do Zé Marques.

Anónimo disse...

Se recordar é viver então este texto e estas imagens expressam realmente o quanto significa isso. Deixa qualquer um, seja ele pai, mãe ou filho com uma lágrima no olho de saudade pelos momentos lá vividos e de uma enorme tristeza pela forma brutal como acabaria por ter o seu desfecho.
Nunca mais perderei a imagem do dia em que eu sózinha naquele perdido escritório pela última vez e na presença de um individuo fui mandada sair e assisti com grande tristeza à selagem daqueles portões. Não irei esquecer nunca.

Tudo passou, a empresa foi de novo aproveitada e posta a laborar dando trabalho a muitos jovens e hoje podemos dizer com orgulho que temos a funcionar na nossa terra uma das melhores empresas do concelho.

Obrigado Rogério pela lembrança bonita que foi rever tudo isto.
A minha mãe vai gostar de ver estas imagens.
Um bem haja.

Anónimo disse...

Parabéns ao blogger.
Arrepiou caminho para melhor.
Vamos lá é aceitar as questões e criticas para o autor e seus amigos não eleminando comentários.
A divulgação do texto e imagens é fundamental. O guardar e trabalhar o espólio ainda é mais. Por isso aqui deixo o meu reconmhecimento ao Fausto Godinho. O espólio que tem na sua posse, em relação à Vidreira, Junta e outros, deve ser acautelado e penso que ele o deveria explicar enquanto tiver memória.
Repetindo-me:
Parabéns ao Fausto Godinho e Rogério Afonso por este trabalho.

Paulo Bernardes disse...

Ao Sr. Fausto Godinho e ao "Moleiro" muitos parabéns pelo trabalho "Álbum de Recordações III".

Pareceu-me reconhecer na Foto 6, ao centro, o meu Avô paterno, pelo que, para além do habitual agrado em ver retratado e recordado pessoas e eventos que marcaram a nossa freguesia, foi uma particular surpresa "folhear" este Álbum.

É uma justíssima Homenagem a todos quantos trabalharam na EVF.

Anónimo disse...

RECORDAR E VIVER

Quem disser o contrario esta redondamente enganado,por certo todas as pessoas que por esta empresa passaram nesta altura,recordaram com uma enorme nostalgia todos os bons momentos que por ali passaram,porque os maus nao vale a pena falar por serem o que hoje em dia ninguem qurerera que aconteça, nem ao nosso pior inimigo(falo por mim)
Os meus sinceros parabens ao moleiro por mais este album de recordaçoes que colocou ao dispor de todos,continue a trabalhar assim.

Bom dia e bem haja a todos

"O moleiro" disse...

Amigo Baulo Bernardes:

Não tenha dúvidas, é de facto o seu avô Bernardes, junto do Arménio Paralta e outros que eu me lembro, como o José Marques da Silva, sogro do Fausto, o Manuel Picota, o capitão Santiago, O José Santiago, O Augusto Brenheiro, o José Ferreira de Caceira, O Júlio Jacob, o Chuva do Casal da Marinha, o Joaquim Camarão,o Zé Zé(?), o Zé da Cadela, etc... É sempre bom recordar e relembrar...

Paulo Bernardes disse...

Estimado Moleiro,

Obrigado pela confirmação. :-)

Eu tinha quase a certeza absoluta que era o meu Avô António Augusto Bernardes (também conhecido pelo "ti Antoino Rasteiro" :-))

Se não se importar e naturalmente com a autorização do sr. Fausto Godinho, eu gostaria de fazer um "download" desta fotografia para a mandar reproduzir. Vejo esta fotografia como um pedaço de património familiar que o Sr. e o seu Moinho me acabaram de devolver.

Muito obrigado!

Anónimo disse...

Os meus parabens sr. Moleiro por mais este album de recordações.
É realmente com grande orgulho e saudade que revejo estas fotos onde reconheço algumas pessoas da minha familia algumas delas que já partiram outras que ainda se encontram de boa saude.
E a creche nova que linda que ela era recordo-a com bastante saudade pois sou daquelas que a inaugurou em 63.
Realmente como alguem já disse tambem se passaram maus momentos principalmente nas casas em que lá trabalhavam familias inteiras mas tudo isso já passou eo que interessa são os bons momentos que nos foram lá proporcionados.
Por isso Sr. Moleiro e Sr. Fausto o meu muito obrigado e continue a fazer-nos recordar outros momentos da nossa linda freguesia.
Boa tarde e um bem haja a todos os Vilaverdenses.

"O moleiro" disse...

Sr. Paulo Bernardes:

Todo o material publicado no Moinho é para colocar à disposição de todos, por isso está à vontade para fazer os "download's" que quiser.

Um abraço

Anónimo disse...

Ao certamente disse

O espólio do Sr Fausto, está a salvo a partir de hoje.
Foi depositado no banco de Portugal

Red Blogger disse...

Quando existe a saudade...è prova inequívuca que o passado fo bom...
Voltar atrás no tempo faz bem à alma e, faz-nos pensar quantos os que já partiram... Quem, algum tempo atrás pensaria que poderiamos passar tanta informação em tão pouco tempo....
Foi bom, diria mesmo maravilhoso reviver os tempos aureus dos fundadores da EVF... Algums mal amados outros malcompreendidos, mesmo assim trabalhadores do vidro em condições não comparáveis com as de hoje... ainda bem.
Muito Obrigado...

PS -> Não ceio que seja só este o tal espólio do Sr. Fausto....

Anónimo disse...

Kalipo,por acaso quer ser o fiel depositário do restante espólio do Sr Fausto?

Anónimo disse...

UM BEM HAJA AQUEM AINDA FAZ ALGO DE POSITIVO PELA NOSSA TERRA, PELOS NOSSOS ANTEPASSADOS E POR MOSTRAR TRADISSÕES ANTIGAS
POIS NO FUTURO NAO HAVERA NADA PARA MOSTRAR AOS NOSSOS DESCENDENTES ACERCA DE NOS E DAS TRADIÇOES QUE MANTIVEMOS POIS ESSAS SAO POUCAS OU NENHUMAS
OBRIGADO SR MOLEIRO CONTINUE

Anónimo disse...

No verão de 1965 fiz o meu estágio curricular de engenharia na Vidreira e soube lá o queria fazer na vida.
Passado um ano e com o curso de engenharia-química terminado e com o que aprendinop estágio, comecei a trabalhar na extinta Fábrica de Vidros da Boa Vista na Marinha Grande.
Lembro-me muito bem do Sr Mário Barraca, do Sr Lemos, do Sr Pinheiro, dop Engº Alves e do Engº Pauseiro, que orientou o meu estágio,do Sr Mário Peralta e da sua metalurgica e de outros.
Também tiramos uma fotografia numa varanda do escritório mas se calhar desapareceu tal como a documentação que os novos donos destruiram, segundo soube.
Em 1982 estava a dirigir a empresa que forneceu os materiais refractários para o forno.
A Vidreira faliu e nós fomos atrás. Mas a minha vida refez-se.
Agora estou a desenvolver um trabalho de investigação histórica sobre o vidro e torna-se dificil documentar por exemplo quem eram os italianos que forneceram a tecnologia à Vidreira para o Forno nº1 que tinha a máquina automática IS de fazer os cantis para o Mateus Rosé
Um abraço para aqueles e aquelas que me conheceram na altura
Maria Schultz Loup

martins disse...

Olá Professor.
APELO: Que o Sr. Fausto Godinho e o Sr. Vasco, entreguem o hispólio fotográfico que possuem da Empresa Vidreira da Fontela ao Museu da Figueira da Foz.
Porque este hispólio é a memória viva dos n/ Vidreiros, e da n/ Freguesia.
Martan
Fontela

Anónimo disse...

MUITO OBRIGADA ;)

Sou neta do falecido José Neves um dos vidreiros que mais anos trabalhou nessa empresa. ;)

Ele era um apaixonado pelo vidro e deixou-me em recordação algumas peças. ;)

um abraço enorme de agradecimento.

Carla Neves

Anónimo disse...

Empreza Vidreira da Fontela, cujo principal patrono, era o senhor Mário Barraca, baixinho e opolento. "Amigo dos pobres" toda a sexta feira distribuía uma moeda de dois escudos e meio. No barracão, depois da linha, tinha o boteco do noventa, e ao lado a barbearia do vergilio. Em frente para o rio ficava o armazém onde o meu pai comercializava o sal e fazia caldeiradas de peixe.OS Drs.Amavam.