Nasceu em Fontela, freguesia de Vila Verde, Figueira da Foz, em 1977. É licenciado em Comunicação e Relações Públicas e tem uma pós graduação em Jornalismo.
A câmara é o seu instrumento de trabalho. É com ela que escreve as mais diversas histórias. E para além do trabalho mais profundo com os documentários que realizou e que lhe granjearam já muitos prémios corre o país, o mundo… para mostrar outras histórias, muitas com final feliz, mas muitas outras com final infeliz.
Esteve na cidade albicastrense, para apresentar o seu novo documentário (ver entrevista na próxima edição). Acabado de chegar do Haiti, acedeu a contar a sua experiência. De resto já não é a primeira vez que passou por um cenário de destruição.
“Estive no ano passado no sismo em L’ Aquila, um cenário complicado, mas não tão devastador como o que assisti no Haiti. Cheguei no segundo dia após o sismo, presenciei a realidade em cru, sem filtros, com a morte e as ruínas a circundar-nos”, recorda.
Quanto aterrou em Port-au-Prince teve um choque. O primeiro impacto, como refere, foi muito forte e mesmo indescritível. “Por mais que me passassem imagens pela cabeça e me preparasse mentalmente para aquela catástrofe, a realidade era devastadora. Foi como se alguém tivesse chegado ali aquele pedaço de terra e a esmagasse”, recorda.
Chegou ao Haiti de noite e logo pela manhã pegou na máquina e começou a trabalhar, fez logo um directo para o Primeiro Jornal e saiu em reportagem.
Será que o repórter de imagem tem um olhar mais apurado e sensível para estas situações?
“O olhar depende de cada um, da sua experiência profissional e até pessoal.
Através da lente de uma câmara vamos captando planos, cenas de uma realidade que vai mais além daquilo que passa na televisão. Num cenário devastador, de morte, de sangue, de sofrimento das pessoas… é preciso ter sangue frio, respeitar ao máximo a integridade delas”, conta. Mas, muitas vezes sentiu que podia estar próximo das fronteiras éticas e deontológicas e “temos de ser racionais para tomar as decisões correctas”.
Apesar disso, um jornalista, com câmara ou sem ela, não é indiferente ao sofrimento e ao caos instalado. Muitas foram as vezes que teve vontade de pousar a máquina e correr a ajudar as pessoas.
“Estar a ver uma mãe a pedir leite para o bebé que não comia há dias, milhares de pessoas de braços estendidos à espera da ajuda humanitária, são episódios indeléveis para a memória.
Nós, mesmo tendo umas barritas de cereais e águas na mala, tínhamos de ter muita cautela, pois à nossa volta estavam milhares e milhares de haitianos desesperados com fome e sede, que por muita vontade que tivéssemos em oferecer, não éramos nós que tínhamos a solução para eles”, frisa Jorge Pelicano.
Mas, lembra que no último dia, a caminho do aeroporto na República Dominicana, a equipa parou e deixou alguns alimentos e águas para um grupo de crianças junto à estrada. “Foi muito gratificante ver o seu sorriso”, diz emocionado.
Evitou fazer e passar muitas imagens. “Corpos esventrados e desmembrados por todo o lado, embora fosse a realidade pura e crua, não era o enfoque do cenário de devastação”.
O cheiro a morte, a destruição, o desespero das pessoas… foram situações difíceis de presenciar, para Jorge Pelicano. Mas, ver o mundo de mãos dadas para ajudar o Haiti foi gratificante.
“Apesar da catástrofe e de sabermos que ainda vai levar uns bons anos para o país se reerguer, sabemos que agora estará mais acompanhado e supervisionado. Depois disto, talvez venha a ter infra-estruturas sólidas e um governo organizado”, termina.
Fonte Cristina Mota Saraiva in Jornal Reconquista 2010 Fev 2010
Quanto aterrou em Port-au-Prince teve um choque. O primeiro impacto, como refere, foi muito forte e mesmo indescritível. “Por mais que me passassem imagens pela cabeça e me preparasse mentalmente para aquela catástrofe, a realidade era devastadora. Foi como se alguém tivesse chegado ali aquele pedaço de terra e a esmagasse”, recorda.
Chegou ao Haiti de noite e logo pela manhã pegou na máquina e começou a trabalhar, fez logo um directo para o Primeiro Jornal e saiu em reportagem.
Será que o repórter de imagem tem um olhar mais apurado e sensível para estas situações?
“O olhar depende de cada um, da sua experiência profissional e até pessoal.
Através da lente de uma câmara vamos captando planos, cenas de uma realidade que vai mais além daquilo que passa na televisão. Num cenário devastador, de morte, de sangue, de sofrimento das pessoas… é preciso ter sangue frio, respeitar ao máximo a integridade delas”, conta. Mas, muitas vezes sentiu que podia estar próximo das fronteiras éticas e deontológicas e “temos de ser racionais para tomar as decisões correctas”.
Apesar disso, um jornalista, com câmara ou sem ela, não é indiferente ao sofrimento e ao caos instalado. Muitas foram as vezes que teve vontade de pousar a máquina e correr a ajudar as pessoas.
“Estar a ver uma mãe a pedir leite para o bebé que não comia há dias, milhares de pessoas de braços estendidos à espera da ajuda humanitária, são episódios indeléveis para a memória.
Nós, mesmo tendo umas barritas de cereais e águas na mala, tínhamos de ter muita cautela, pois à nossa volta estavam milhares e milhares de haitianos desesperados com fome e sede, que por muita vontade que tivéssemos em oferecer, não éramos nós que tínhamos a solução para eles”, frisa Jorge Pelicano.
Mas, lembra que no último dia, a caminho do aeroporto na República Dominicana, a equipa parou e deixou alguns alimentos e águas para um grupo de crianças junto à estrada. “Foi muito gratificante ver o seu sorriso”, diz emocionado.
Evitou fazer e passar muitas imagens. “Corpos esventrados e desmembrados por todo o lado, embora fosse a realidade pura e crua, não era o enfoque do cenário de devastação”.
O cheiro a morte, a destruição, o desespero das pessoas… foram situações difíceis de presenciar, para Jorge Pelicano. Mas, ver o mundo de mãos dadas para ajudar o Haiti foi gratificante.
“Apesar da catástrofe e de sabermos que ainda vai levar uns bons anos para o país se reerguer, sabemos que agora estará mais acompanhado e supervisionado. Depois disto, talvez venha a ter infra-estruturas sólidas e um governo organizado”, termina.
Fonte Cristina Mota Saraiva in Jornal Reconquista 2010 Fev 2010
1 comentário:
O Mau e o Excelente
Não vou falar "deles"; - estes, são os tais, que são comentados pela Comunicação Social, pelos piores motivos. A "esses", - eu exilava-os, colocava-os na Ilha das
Galinhas, no arquipélago dos Bijagós (Guiné).
Vou falar dele; - o Jorge, o nosso repórter de imagem. A ferramenta de
trabalho dele, é a câmara de filmar. "Ela" - é a sua amiga, com-
panheira inseparável, namorada con-
fidente. Os dois fazem coisas mara-
vilhosas. Percorrem o Mundo, ganham
prémios e filmam, aquilo que gosto.
O Jorge "ama" as suas gentes, sejam elas do Alentejo, do litoral,
das serras, ou de Trás-os-Montes. Ele partilha os seus problemas e presta serviços relevantes à comu-
nidade. Alerta-nos para a deserti-
ficação da Serra da Estrela, com os
s/ pastores, ou a linha do vale do
Tua (quase abandonada).
Força Jorge! - continua a filmar as
"nossas gentes"; ou outros - "os
malvados", deixamo-los na ilha,
"eles", não nos merecem; - eles
comem tudo e não deixam nada...
Um abraço
Zé Amílcar
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